COLUNA SOCIAL SOBRE AGRICULTURA: O FEIJÃO VERDE

Por Donato Ribeiro de Carvalho, Engenheiro Agrônomo, Mestre em Manejo de Solo e Água, Doutorando em Fitotecnia.
  Caros leitores, como prometido, nesta edição falaremos sobre o Feijão Verde, ou Caupi-Hortaliça, numa nomenclatura atual. Este feijão é uma das leguminosas mais cultivadas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, com grandes chances de expansão para o Centro-Oeste. Representa uma importante fonte de proteínas, energia, fibras e minerais, além da geração de renda e desenvolvimento regional, devido a necessidade de grande quantidade de mão-de-obra. Pedro Velho, é o maior produtor do estado e exporta sua produção para os estados vizinhos e para outras regiões sendo o principal destino Recife-PE. 


  Para tornar o texto mais dinâmico e representar a realidade, fomos até o vale do Curimataú conhecer o trabalho na região e tirar algumas conclusões. Encontramos o produtor rural Clécio, que nos recebeu muito bem e nos passou algumas informações. “Pedro Velho planta em torno de 2.000 hectares de terra por ano, com feijão, jerimum, milho” (Clécio). Estimando que pelo menos 1.500 hectares dessa terra é plantada de feijão-verde, que a produtividade é 5.000 Kg e que o preço médio, na roça, é R$ 1,20, chegamos à conclusão que o feijão verde rende em Pedro Velho um montante de R$ 9.000.000,00 (nove milhões de reais). Vale lembrar que o preço atual do feijão verde, na roça, está a R$ 2,50, o que gera ainda mais lucro para o produtor. No caso de Clécio ele planta aproximadamente 10 hectares ano e tem 4 pessoas que prestam serviço a ele o ano inteiro, além dos trabalhadores temporários que atuam nas épocas de maior demanda de mão-de-obra, como na colheita, por exemplo. 


Foto: Clécio;

  Sobre os problemas para a produção, Clécio nos disse o seguinte: “A maioria dos produtores não tem muito estudo, e os órgãos municipais, estaduais, federais, EMATER, não nos auxiliam em nada. Tem que trazer tecnologia... isso dificulta... se tivesse um agrônomo, que nos ensinasse, inclusive o controle ou descontrole de agrotóxico. Também não há se quer incentivo aos produtores, nem das maquinas que vieram do governo federal para isso”. De fato, encontramos diversos entraves para a sustentabilidade da produção.


  Nesse cenário identificamos que as principais pragas da região são: mosca branca, lagartas e minadora, discutimos sobre possíveis manejos para o controle das mesmas. Falamos também sobre variedade e espaçamento, manejo de plantas daninhas, e irrigação, já que há uma problemática relacionada ao uso da água. Abordamos a possibilidade de uso do gotejamento invés da aspersão no cultivo da época seca, utilizando espaçamento e variedades e manejo de plantas daninhas diferentes, o que poderá trazer maior economia na produção e maior produtividade. Discutimos também sobre comercialização e beneficiamento do feijão.


 Foto: Cultivo do feijão verde;



  Os solos da região são de alta fertilidade e capacidade de retenção hídrica, além da aparente disponibilidade de água na região. Tratamos também das questões ecológicas e ambientais, orientando a respeito da importância do reflorestamento das margens dos mananciais e córregos além da importância do descarte correto das embalagens de agrotóxicos. ”Donato, nós não fazemos as coisas erradas porque queremos, e sim porque não sabemos. Essa sua iniciativa poderá nos ajudar e muito” (Clécio).


  Ficou clara a necessidade de inclusão de tecnologia, melhor orientação quanto ao uso de agrotóxicos, orientação ambiental e ação do poder público. De todo modo, os produtores estão de parabéns, pois mesmo marginalizados conseguem produzir e gerar renda para este município.



Fotos: Produção de Clécio (Feijão Verde e Jerimum);








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